Amar e Ser Amado: Um Problema Contemporâneo
Quem, em suas perfeitas faculdades mentais, não desejaria amar e se sentir amado por outra pessoa, mesmo diante das imperfeições já inseridas em sua vida desde o seu nascimento? Claramente que todos gostariam. Mas devemos nos perguntar a seguinte questão: como se alcançaria com êxito este objetivo? Afinal, nossas ações e maneiras de agir em relação ao mundo, podem ajudar a nos conduzir a uma resposta favorável a esta questão. Devemos levar em conta que nossas escolhas também refletem diretamente ao que acontecerá em nosso futuro, sejam elas positivas ou negativas. Umas das maneiras alcançáveis é se tornar alguém de valor, mas nos esquecemos disso e esperamos dos outros um amor que não é construído, mas que surge magicamente através de sensações meramente efêmeras, que permanecem por um um certo tempo até se manifestar os defeitos que, outrora, não eram perceptíveis por conta desses mesmos sentimentos efêmeros.
Amar e ser amado, de certa forma, não é tão fácil quanto aparenta ser, contrariando o que muito se repete no romantismo clássico e contemporâneo, disseminado por livros, filmes e, agora, redes sociais. Desde muito tempo, tem-se criado um desejo insaciável no ser humano, em que o reconhecimento dos outros é esperado com a expectativa de que isto se transforme em sentimentos reais. Todos desejam ser amados, respeitados e desejados, apesar das limitações inerentes que cada um possui individualmente. Isto se tornou uma expectativa. Quando não alcançada tal expectativa, a frustração o consome quase da mesma proporção da expectativa que foi dada -- ou até mais. A expectativa foi surpreendida com uma decepção frustrante. Um sujeito, por exemplo, ama fortemente uma pessoa. Esse amor, por pior que sejam as imperfeições, é genuíno. Apesar do seu sentimento verdadeiro, não foi correspondido da mesma maneira. Sendo assim, a frustração -- por não obter o resultado esperado -- toma conta de sua mente e coração, de modo que a tristeza o envolve e o põe de joelhos perante a frustração. Isso é observável em todo âmbito social.
Muitos seguem esse roteiro apostando absolutamente tudo em um possível relacionamento, que pode não prosseguir da melhor forma possível. Muitos apostam tudo no que sentem em relação a outra pessoa, sem saber se a pessoa realmente possui a intenção de retribuir de volta esse amor. Nos esquecemos que, em certos momentos, nos deixamos levar por possíveis sentimentos positivos que em certos momentos, aparentam ser benéficos, mas não passam de uma forma de solidão existencial. Buscam, na presença da pessoa e naquilo que ela pode proporcionar, um certo alívio para as suas dores. Isso não é amor: é usar o outro como ferramenta para um fim.
A não observação ou ignorância sobre este assunto, levam as pessoas a um caminho de frustração e tristeza, por não pensarem racionalmente no que estão se envolvendo emocionalmente. Muitos, por darem somente crédito a sentimentos possivelmente benéficos à curto prazo, se esquecem da tomada de decisão pelo uso da razão e tomam ações precipitadas. Por exemplo: em um mês de namoro, o indivíduo já deseja morar com a pessoa, deseja casar-se de maneira prematura sem conhecer a outra pessoa adequadamente (ou nem mesmo deseja casar, mas sim viver como se fosse casado), entrega-se ao prazer sexual de maneira irracional e apaixonada, conta segredos íntimos sobre a sua vida particular e etc. Quando dá tudo errado, cria-se um ciclo de problemas emocionais, que poderiam ser evitados se o indivíduo agisse da forma correta com a pessoa de seu interesse desde o início: se aproximar devagar, conhecer e não se precipitar.
O amor é possível para quem deseja encontrá-lo. Dependendo da forma como é buscado, é possível que o encontre e desfrute daquilo que ele pode proporcionar. Entretanto, não busque loucamente por isso. O seu encontro com o amor verdadeiro acontecerá: basta apenas seguir os passos corretos e utilizar a razão na tomada de decisões importantes. Não busque somente ser amado, mas sim alguém cujo valor é perceptível à vista. Você consegue fazer isso, inicialmente, amando a si mesmo. Amando a si mesmo, você constrói as características que uma pessoa deve ter para ser amado por alguém. Então, o amor próprio deve vir em primeiro lugar, para te transformar em alguém valoroso, pois é isso que irá ajudar na construção sólida de um possível relacionamento futuro. Pois, como irá uma pessoa amar uma outra pessoa se ela não ama a si mesma? Ou, como uma pessoa será amada se não dispõe de atributos essenciais para chamar a atenção de uma boa pessoa? Entenda: chamar a atenção de uma boa pessoa. Não é qualquer pessoa que você deve chamar atenção. Chamando atenção de qualquer um, possivelmente você terá apenas mais um relacionamento que não se sustentará. Acho que você não deseja atrair problemas desnecessários, ou desejaria?
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