Estereótipos e Falso Amor Próprio
Existem certas tendências que conduzem as pessoas a um estado lamentável de falso amor, como é possível enxergar atentamente em seus comportamento em basicamente qualquer coisa que façam nelas mesmas, principalmente se tratando sobre aparência física no que envolve a estética apresentada aos outros, tendo em vista um objetivo. A aderência à estereótipos se torna cada vez comum quando há escassez de originalidade própria. Desta maneira, vemos aderências à comportamentos que denotam uma personalidade frágil, assim como uma peça de porcelana fragmentada. Isto, em contato com o ambiente perfeito, torna-se algo facilmente disperso como um vírus mortal, cuja criação foi concebida através de atitudes fúteis e banais, e o amor próprio que deveria existir, desaparece quase que misteriosamente. Há escassez de uma adequação à realidade presente, que se torna simplesmente a repetição de modelos impróprios existentes no mundo moderno, auxiliando na concepção desse tipo de ambiente deprimente e escasso de originalidade, em que o sujeito escravo da atenção alheia, deseja mostrar atributos físicos que somente servem para atrair atenção para si, buscando um jeito de ser o objeto de desejo e admiração para outras pessoas e, principalmente, ser amado pelos mesmos. Isto se enquadra profundamente no estereótipo estético que tanto é disseminado nas redes sociais em nossos dias atuais. A era das redes sociais, tão presente no cotidiano alheio, mantém as condições favoráveis para que esse mecanismo funcione.
A Preocupação Com a Aparência
A totalidade de estereótipos estéticos vem sendo utilizada tanto por homens quanto mulheres, mais existe um apelo especial ao público feminino. A cultura, no geral, vem se inclinando para os aspectos mais sensuais — o mundo dos sentidos e das sensações, onde se localizam as mais profundas fantasias eróticas que provocam prazer sexual — com o auxílio da indústria pornográfica, condicionando os cérebros das pessoas a um único aspecto possível de padrão estético considerado atraente. Naturalmente, a mulher se preocupa com a aparência, sendo atraída por uma imagem ideal que se enquadre ao que é exigido através da mídia e da pressão social. O sentimento de inferioridade e baixa autoestima funcionam como um impulso inicial. Para não se sentir inferior, a mulher moderna adere a esses estereótipos de beleza como algo natural a ser buscado. Por conta de não estar dentro de um determinado padrão de sucesso estético, se frustra, e com essa frustração gasta uma fortuna para adentrar nesse padrão imposto no mundo contemporâneo.
Essa imposição é quase indireta e não tão visível. Como sendo um padrão de mulher desejada, a figura da mulher sensual moderna tem que ser adotada como o único objetivo central na vida de qualquer mulher que deseja se tornar alguém. Porém, a mesma se esquece de se observar diante do espelho para enxergar além, porque, além da aparência estética sensual, existe frustração e descontentamento que ela não quer encarar, sendo parte fundamental de todo esse arranjo de sensualidade em que adota para si, tendo em vista olhares de desejo, inveja e admiração alheia. Na verdade, isto é ser alguém para o homem moderno: se tornar uma pessoa que não é de verdade para ser aceito em um determinado grupo, porque, no fundo, odeia a ideia de estar sozinho consigo mesmo. Não tem ideia do que é de fato belo.
Um Objeto Vazio
A beleza, para muitos que vivem desse estereótipo moderno de rede social, é algo vazio, amarrado à frustrações, rancores, sentimentos de inferioridade, ódio consigo mesmo e falta de amor próprio. Enxergam o que há de pior em si mesmos e tentam corrigir esse problema adentrando na lama do sensualismo contemporâneo, sendo ele vulgar e vil em sua natureza. O amor próprio e a realidade que se revela além da aparência, se deterioram quase que de forma automática nesse mundo de fantasia.
O endeusamento dessa figura sensual, tão colocado hoje como o centro de tudo, é um objeto vazio que não agrega em nada à sociedade. A mulher moderna, aderindo a esse estereótipo de mulher desejada, se torna apenas uma casca vazia — apenas um corpo que é funcional somente para ser objeto de desejo e prazer. O homem, por ser voyeur em sua característica sexual, é atraído por aquilo que vê dentro desse estereótipo de mulher atraente, sendo isto apenas uma aparência atraente, mas que não possui uma qualidade além daquilo que pode ser visto por detrás dessa aparência. Este sujeito voyeur, que também é vazio, somente se fascina por esse estereótipo de mulher perfeita: rosto harmonioso, lábios carnudos, partes íntimas avantajadas e sensualidade no comportamento. O mais importante, onde estão concentradas as características fundamentais que podem tornam um indivíduo virtuoso, é deixado de lado. O homem, por viver de voyeurismo, por ter suas características fundamentais de força suprimida e ser um sujeito vazio de propósito, não nota que está alimentando este sistema, ajudando a manter o mecanismo que, mais cedo ou mais tarde, também irá escravizar suas filhas.
Note: não digo que não é importante buscar uma aparência agradável e atraente, mas buscar apenas isso sem se tornar alguém com qualidades interiores invejáveis, somente te fará ser um corpo vazio, que somente serve como objeto de desejo e atenção de outras pessoas. As pessoas só vão se fascinar com sua aparência e não por quem você é, e quando a aparência se desvanece com o tempo, também se vai a atenção e o desejo alheio.
Amor Próprio e Beleza Interior
O amor próprio deve existir, independente do que foi adotado como padrão estético considerado atraente. Deve-se sobressair o amor por si mesmo em primeiro lugar. Se sentir satisfeito consigo mesmo diante do espelho, mesmo com as imperfeições que fazem parte da nossa humanidade, é o essencial. Cabe ao indivíduo observar pelos seus próprios olhos essa realidade belíssima que lhe é apresentada. A cópia de estereótipos e a sensualidade que é fomentada, somente irá impor ilusão e frustração, porque tal padrão estético nunca será o suficiente. Claro que o belo existe e nos atrai naturalmente, mas isso não deve ser o critério determinante em absolutamente tudo.
Sejam quais forem as características físicas e estéticas de uma pessoa, o mais importante do que aparência é uma vida virtuosa. Ser virtuoso é uma beleza interior que nem mesmo o tempo poderá fazer perecer. Pelo contrário: é capaz de fazer ser ainda mais belo, pois o tempo é capaz de gerar amadurecimento. Esta é uma beleza única e incomparável, que surge no lugar mais profundo do Ser e reflete nas atitudes, no modo de pensar e também nas características físicas de alguma maneira. Isto é uma forma de amor próprio, que também se manifesta na aceitação das próprias limitações, sem exagerar nos detalhes para chamar atenção desnecessária de pessoas desconhecidas para si. A atenção alheia de pessoas que não conhecem a sua vida e não são capazes de te amar por quem você é, não vale a pena. Por esta razão, o amor próprio deve existir andando em equilíbrio com tudo aquilo que deve estar em uma devida ordem em sua vida: desejos e sentimentos. A virtude ajudará nesse jornada.
Umas das consequências desta desordem, que coloca a vida de muitas pessoas em um desequilíbrio terrível consigo mesmo, está intrinsecamente ligada à filáucia, que deveria ser sadia, segundo Aristóteles, mas não está, pois o seu objeto formal — o belo, a virtude de se amar na medida correta, na busca daquilo que é belo e bom — está em uma desordem. A filáucia é a virtude de amar a si mesmo seguindo a medida correta, sem exageros e carência exacerbada, preenchendo no afeto a busca pelo Bem e do Belo. Seguindo a vida em harmonia com o verdadeiro amor por si mesmo, ajudará a colocar as coisas em sua devida ordem. Isso verdadeiramente importa de verdadee fará toda a diferença.
O estereótipo sensual de redes sociais é uma ilusão da realidade, em que não existe imperfeições a serem descobertas, pois tudo que existe é apenas um corpo bonito. Na verdade, a aceitação do que se é, bem visto diante do espelho e que condiz com a realidade da vida, é o que deve ser vivido. Do contrário, a consequência final é a autodestruição de si mesmo em um ideal inexistente, difícil de ser alcançado. O que nos é apresentado nas redes sociais não passa de uma ilusão, mas é uma ilusão que vende fácil, e tudo que é vendido fácil, torna-se atraente. Mas o que isso promete são apenas ilusões em um mar de amarguras, em que nada satisfaz. Seguir na contramão deste mecanismo com virtudes reais, é a verdadeira beleza que o tempo não poderá destruir. A beleza das redes sociais passará com o tempo; aquilo que é tendência hoje pode não ser amanhã, mas uma vida virtuosa com um verdadeiro amor por si mesmo, dará frutos que poderão ser colhidos eternamente, mesmo depois da morte. Esse é o belo que não morre.
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A Vida nas Redes Sociais é uma FARSA
Exatamente! Quase tudo hoje em dia está associado a estereótipo e aceitação, ainda tem quem pense que isso é ter uma vida feliz .
ResponderExcluirExatamente. Infelizmente isso se tornou comum.
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